Neste artigo você irá ler sobre:

• O que é uma adição.
• Como ela influencia o desempenho do concreto
• Casos em que o seu uso é importante

Quando se fala em aditivos, já se fala “pisando em ovos”. Algumas pessoas ainda não se convenceram da importância. Não se trata exatamente de uma “opção” mas de um recurso necessário para produzir um bom concreto.

Falar em “adição” é quase que o equivalente a abrir uma picada em uma mata virgem. É um tema muito pouco ou quase nunca explorado entre os produtores de peças vibro prensadas. Então, para que haja proveito, é preciso começar devagar, respeitando o entendimento e o tempo de cada um. Ninguém entra neste negócio sabendo de tudo e nem aprendemos tudo. Sempre vai ter alguma novidade. É um meio muito dinâmico.

O que são adições?

Para começar, aí vai uma definição: “são materiais silicosos ou silicoaluminosos que, por si só, possuem pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando finamente dividido e na presença de água, reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos com propriedades aglomerante.” Vamos devagar:

São materiais feitos basicamente de sílica e alumina

Materiais silicosos ou silicoaluminosos: é a linguagem técnica para dizer que são compostos ricos em sílica e alumina. A sílica é a composição básica das areias e a alumina é um dos componentes fundamentais das argilas.

Na prática estes materiais são resultantes de processos industriais. Não faz muito tempo, eles ainda eram considerados como refugo, rejeito, lixo que se acumulava nos pátios de aciarias, indústria de silício metálico, ferro gusa, etc.

Hoje, por razões ambientais e econômicas, estes materiais possuem um valor agregado altíssimo e são muito disputados por várias indústrias, como a de cimento, por exemplo.

As adições dependem da reação do cimento

Elas, isoladamente, não têm o poder de unir os agregados; elas precisam do cimento para funcionar como aglomerantes. A “escória de alto forno”, por exemplo, tem basicamente a mesma composição do clínquer, que é o principal constituinte do cimento, mas se adicionarmos água ela não irá reagir. Talvez, depois de uns 100 anos ela esboce alguma reação. Mas se adicionarmos ao cimento, aí a história muda.

Quando o cimento reage com a água, ele libera hidróxido de cálcio, Ca(OH)2 , o mesmo componente da cal hidratada. É o hidróxido de cálcio que reage com as adições para melhorar as propriedades do concreto.

O hidróxido de cálcio, também chamado de “portlandita” é a parte mais frágil do concreto. A escória reage com ele e o produto final é o mesmo que o cimento produz. Isso melhora a ligação da argamassa com os agregados, diminui a porosidade, melhora a resistência mecânica, melhora a resistência ao ataque de substâncias ácidas, e por aí vai. Como depende da reação do cimento ,então, é uma reação mais lenta. Esta é a chamada “reação pozolânica”. Depois você pode pesquisar melhor este assunto.

As adições melhoram a resistência mecânica e a resistência à abrasão.

As adições podem melhorar diversas propriedades. No caso do concreto para blocos e pavers, as mais importantes são a resistência mecânica e a resistência à abrasão. E porque são materiais muito finos, a coesão também melhora muito.

As adições são partículas tão finas que quando reagem podem “colar” os menores grãos de agregados muito firmemente e impedir que sejam arrancados. Isso faz com que aumente a resistência à abrasão dos pavers.

A resistência à abrasão é um requisito que a norma deixou como opcional, porém, há diversas situações práticas em que ela é necessária. Por exemplo: pátios de manobra em centros logísticos, pátios de portos onde empilhadeiras pesadas movem contêineres, centros de distribuição onde há trânsito de empilhadeiras que precisam girar sobre o eixo para se movimentar, e por ai vai.

Quando é necessário produzir blocos de concreto de elevadas resistências (acima de 10 MPa, por exemplo) a utilização de adições como Sílica Ativa ou Metacaulim é um excelente auxílio. Normalmente as adições são utilizadas em percentuais que variam de 5 a 10% na grande maioria dos casos.

No Brasil levantamos edifícios em alvenaria estrutural até 19 andares, por questões econômicas. Se considerarmos a necessidade de 1MPa para cada andar elevado, isso significa que os blocos do térreo precisam ter um fbk de 19MPa no mínimo.

Um fato muito importante é que, a introdução das adições, vai demandar a correção do teor de água e aditivos, pois é extremamente fina. Pode ser necessária a inclusão de algum aditivo superplastificante.

Pronto, agora você já sabe o básico sobre adições. Avalie a resistência à abrasão dos seus pavers e faça testes com a utilização de adições. Este pode vir a ser um diferencial no seu mercado de atuação.

Esse artigo é uma contribuição do Professor Julio C. Filla para o blog da WM Máquinas. Instagram: @julio_filla | Linkedin | Whatsapp: (43) 99966-1966