AUMENTANDO A PRODUÇÃO E REDUZINDO OS CUSTOS DA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO – PARTE 10 – UM DOS MAIORES DESPERDÍCIOS: O ELEMENTO HUMANO ?

AUMENTANDO A PRODUÇÃO E REDUZINDO OS CUSTOS DA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO – PARTE 10 – UM DOS MAIORES DESPERDÍCIOS: O ELEMENTO HUMANO ?

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Ganhando tempo… veja um breve resumo do que trata este artigo.

Desperdiçando o elemento humano…

  • Envolver os colaboradores no processo de melhoria é um tabu para muitos gestores de fábricas.
  • Quando se trata de um processo de melhoria o envolvimento é mais palatável, já em processos de recuperação, é mais espinhoso.
  • O envolvimento do grupo só vem se houver duas condições básicas: respeito mútuo e um sistema claro de comunicação.
  • Respeito mútuo significa garantia de emprego e comunicação clara. Como garantir o emprego em uma situação de crise? Difícil.
  • O desperdício do elemento humano ocorre quando há um processo mal desenhado e que exige muitos colaboradores extras ou então quando as habilidades dos funcionários não são aproveitadas adequadamente.
  • Aumentar o envolvimento permite melhorar a produtividade, a qualidade, o custo, o tempo de entrega, a segurança, o ambiente e a moral do grupo.

Este é um assunto delicado, mas não se consegue falar na implantação de um processo baseado na produção enxuta sem tocar neste aspecto. Não dá para ignorar.

O tamanho do desafio ao lidar com este tema vai depender muito da condição em que a indústria de blocos se encontra.

Se a indústria está em uma boa condição e o que se pretende é alavancar ainda mais os negócios fazendo, por exemplo, a aquisição de uma nova máquina, a implantação de uma nova unidade em outro local ou mesmo a reavaliação do processo de produção, será mais fácil lidar com o elemento humano.

O desafio maior ocorre quando a fábrica está em uma situação delicada, seja por queda de mercado, dívidas, parque de máquinas degradado e com grandes necessidades de investimento em manutenção.

Em ambos os casos, o êxito em lidar com a situação só vem com o envolvimento de todos. Tanto para expandir uma fábrica quanto para salvá-la, será necessário garantir o comprometimento de todo o grupo.

O envolvimento do grupo só vem se houver duas condições básicas: respeito mútuo e um sistema claro de comunicação.

Em uma situação de implantação dos princípios Lean, com a finalidade de promover melhoria no processo, é muito mais fácil falar em respeito mútuo e transparência e, consequentemente, obter o envolvimento.

Quando as coisas estão “rodando” satisfatoriamente, já existe uma rotina implantada que dá resultados. O que se pretende é melhorar estes resultados. Isso, via de regra, implica em mudanças nos procedimentos e nas formas de controle e redistribuição de responsabilidades.

Toda mudança causa desconforto e pode gerar um sentimento de inadequação e medo de substituição, seja por uma outra pessoa, pela adoção de um software ou de uma máquina que elimine determinada função.

Outras vezes, a resistência vem simplesmente de um apego enraizado a determinadas práticas. Surge o questionamento do tipo: “Sempre fizemos assim e funcionou, por que mudar agora? ”.

Esta resistência pode despontar em qualquer setor na fábrica, da produção ao administrativo. Mas ainda assim é mais “fácil e agradável” de lidar.

A maior dificuldade se dá quando a fábrica está em uma situação delicada, crítica. O que significa respeito mútuo e transparência neste caso?

Respeito mútuo significa garantia de emprego. Os seus colaboradores precisam ter a segurança de que as melhorias não vão ameaçar os seus empregos.

Mas como garantir os empregos em uma empresa que está em situação difícil e o esforço é para tentar salvá-la? Simplesmente não dá.

Já no início da implantação da produção enxuta é preciso dizer claramente aos funcionários: ”Vamos tentar preservar alguns empregos, talvez nenhum”.

Os cortes necessários devem ser feitos logo no início do processo e cada situação individual deve ser avaliada com cuidado.

Talvez haja pessoas que estejam para se aposentar ou jovens que, se dispensados, consigam se reposicionar mais rapidamente e voltar a trabalhar.

O fato é que, assim que o número ideal de funcionários for atingido, deve-se garantir o emprego e manter firme o propósito de recuperação.

Então, o desperdício do elemento humano, pode ocorrer de duas maneiras:

  • Quando há colaboradores em excesso, executando funções desnecessárias, decorrentes de um sistema mal projetado;
  • Devido ao baixo aproveitamento do potencial de cada colaborador;

À medida que se atinge o número ideal de colaboradores torna-se necessário aumentar o envolvimento de cada um.

E quais os objetivos de alcançar maior envolvimento de todos? Veja as possibilidades:

  • Melhorar a produtividade,
  • melhorar ou garantir a qualidade,
  • reduzir o custo,
  • diminuir o tempo de entrega,
  • aumentar a segurança do operário,
  • melhorar o ambiente interno e
  • elevar a moral da equipe.

O envolvimento efetivo de cada colaborador permite alcançar estes objetivos através de quatro ações:

  • Solucionar os problemas específicos do sistema de produção;
  • Aumentar a transparência do processo;
  • Reduzir os riscos devidos à ergonomia ou situações perigosas;
  • Melhorar a competência dos membros de equipe.

Uma vez que o colaborador esteja envolvido, ou engajado, no processo de melhoria ou recuperação da indústria surge um ambiente de confiança.

Isto permite que o funcionário contribua com a melhoria do processo através de sugestões que sejam efetivas, que se originam principalmente da observação mais atenta dos processos em que está envolvido.

Estas propostas de melhoria precisam ser capitadas, de preferência, formalmente. Num primeiro momento não dê tanta importância à qualidade e sim à quantidade de propsotas. Com o passar do tempo a qualidade se tornará mais e mais presente.

A possibilidade de formalizar as sugestões valoriza o empenho do colaborador e permite que se crie um sistema de recompensas pelo envolvimento.

Estas recompensas motivacionais podem ser de dois tipos:

  • Presentes ou prêmios em dinheiro;
  • Reconhecimento dos colegas e liderança; investimento em formação e capacitação, promoções e outras recompensas semelhantes.

Muito bem, este artigo tocou em um aspecto que nem sempre se fala abertamente. Existe um tabu muito enraizado no que se refere à relação entre os operários e a liderança.

Muitos líderes consideram que seu pessoal seria incapaz de colaborar em processos de administração da produção e descartam de imediato a promoção do envolvimento.

Cada situação deve ser avaliada minuciosamente para que se possa definir o patamar de envolvimento possível. A ideia é que o envolvimento evolua até atingir um nível de excelência.

Espero ter colaborado com o seu entendimento quanto a este aspecto e o ajudado a enfrentar com coragem mais este desafio para a implantação da produção enxuta.

Até breve.

Sobre o autor

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Ele iniciou sua formação acadêmica em 1984 com Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, seguido por Engenharia Civil em 1987. Com vasta experiência em vendas técnicas na Cimento Cauê por 10 anos, também ministrou cursos e palestras em concreto. Possui pós-graduações em Marketing e Gestão da Qualidade. Na Plaenge Empreendimentos, atuou na área comercial. Hoje, é consultor em concreto e docente na UNIFIL, promovendo integração entre academia e mercado. Concluiu mestrado em Engenharia em 2011.

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