QUAL É A COMPOSIÇÃO DO CONCRETO SECO UTILIZADO NA FABRICAÇÃO BLOCOS E PAVERS?

QUAL É A COMPOSIÇÃO DO CONCRETO SECO UTILIZADO NA FABRICAÇÃO BLOCOS E PAVERS?

QUAL É A COMPOSIÇÃO DO CONCRETO SECO UTILIZADO NA FABRICAÇÃO BLOCOS E PAVERS?

Vamos  dar início a uma série muito especial de artigos tratando de aspectos importantes da tecnologia envolvida na produção do concreto seco. E não poderia ser diferente. Está na hora de se aprofundar um pouco no assunto.

Neste artigo, faremos uma breve introdução aos 7 materiais que entram na composição do concreto seco. 

 


 

Talvez você esteja raciocinando na seguinte forma: 

— Concreto é concreto. O que vai em um vai no outro.

Esta afirmação não está incorreta, mas é uma meia verdade. Você que está atuando em algum setor da construção civil já deve ter ouvido falar, ou até mesmo utilizado, diversos tipos de concreto.

Com certeza você já teve contato ou ouviu algo a respeito  do concreto de alto desempenho, concreto auto-adensável, concreto com fibras, concreto colorido, concreto massa, concreto auto-regenerativo, concreto leve, etc.

Pois bem, quando dizemos que os materiais são os mesmos, não estamos dizendo que eles sejam iguais, ou estejam na mesma proporção. Cada tipo de concreto exige uma combinação específica entre seus componentes.  Este é precisamente o caso do concreto seco, especialmente quando aplicado na moldagem de blocos e peças de concreto para pavimentação (pavers).

De modo geral, são utilizados 7 materiais no projeto de uma mistura para concreto seco, mas nem todos ao mesmo tempo. Veja no infográfico 1 uma relação destes materiais.

Infográfico 1 – Materiais utilizados na composição do concreto para moldagem de blocos e peças para pavimentação.

QUAL É A COMPOSIÇÃO DO CONCRETO SECO UTILIZADO NA FABRICAÇÃO BLOCOS E PAVERS?Concreto Seco

Fonte: FILLA (2023)

O projeto de uma mistura (ou mix design) está vinculado às características de desempenho que este concreto precisa atender. Isso envolve responder algumas perguntas:

  • Qual a resistência a ser atingida?
  • Qual a absorção de água permitida?
  • Haverá esforço sobre o piso que provoque abrasão?
  • Quais os agregados disponíveis na região, e economicamente viáveis?
  • Será de coloração natural ou não?
  • Qual o tipo de máquina a ser utilizada na moldagem?
  • Como será processada a mistura?
  • Etc.  

A resposta a estas perguntas leva à seleção dos materiais a serem utilizados, suas características e quantidades. Então, vamos a eles?

Cimento

É o responsável por unir todos os componentes da mistura, por isso, é chamado genericamente de “aglomerante”. Existem 8 tipos básicos de cimento, nem todos estão disponíveis em todas as regiões do país e nem todos se aplicam à produção de blocos de concreto.

Se desejar conhecer mais profundamente estes tipos você pode consultar o site da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND – ABCP (www.abcp.org.br), ou adquirir a norma NBR 16697:2018, Cimento Portland — Requisitos.

Para uso na indústria de blocos, o mais indicado é o tipo CP V ARI, que significa Cimento Portland de Alta Resistência Inicial. Ele atinge elevadas resistências em 24h, permitindo uma desforma segura, principalmente em regiões de clima mais frio ou no inverno. 

Agregados graúdos

Eles irão compor o que se chama de “esqueleto granular” do concreto, conferindo resistência mecânica à peça. Precisam ter a granulometria adequada (tamanho e proporção dos grãos) para o tipo de peça que será produzida. 

Estes agregados precisam ter um formato adequado que permita o encaixe entre eles (também chamado de imbricamento). A proporção entre os tamanhos de grãos deve ser tal que permita o preenchimento dos espaços vazios, também conhecida como distribuição contínua de grãos ou “bem graduada”. Do contrário, haverá muitos vazios e o consumo de argamassa, e consequentemente de  cimento, irá ser maior.

Agregados miúdos

Eles são responsáveis por ajudar a preencher os espaços vazios deixados pelos agregados graúdos, tornando a peça mais compacta.

Eles atuam em  conjunto com o cimento para proporcionar coesão à massa e permitir que as peças sejam deformadas e transportadas sem desmoronar.

Os agregados miúdos compõem o que se chama de argamassa, que deve estar na quantidade correta para dar trabalhabilidade à massa e um bom acabamento.

Se você desejar saber mais sobre agregados, visite a seção “materiais” em nosso site e  baixe o e-book:  “AGREGADOS PARA FABRICAÇÃO DE BLOCOS E PAVERS”. É gratuito.

Água

Atua como um “amolecedor” ou “lubrificante” da mistura, permitindo a sua moldagem. É necessária às reações químicas do cimento. Em princípio, desde que a  água seja potável, disponibilizada pelo serviço de abastecimento ou poço artesiano, poderá ser utilizada. A água coletada da chuva também pode ser empregada. Contudo, deve-se ter cuidado em regiões muito poluídas e, neste caso, o seu pH deve ser testado.  O concreto é de natureza básica. Águas com pH ácido são prejudiciais.

Aditivos 

São “facilitadores de moldagem”. Atuam  melhorando a plasticidade da mistura, facilitando a introdução nos moldes, a coesão e reduzindo a necessidade de água.

O tipo adequado para o concreto seco são os incorporadores de ar (os surfactantes ou tensoativos). Em muitos casos não é possível, ou desejável, acrescentar mais água à mistura. Neste momento o uso de aditivos resolve este problema. São adicionados em uma baixa proporção, normalmente em função da massa  de cimento.

Pigmentos 

Os pigmentos são responsáveis por colorir a massa, permitindo criar padrões com elevado valor estético. Normalmente são utilizados em formato de pó. Podem ser naturais ou industrializados. 

O teor de pigmento a ser empregado varia em função de diversos parâmetros como: coloração do cimento, coloração dos agregados, cores e  intensidade desejadas, entre outros. 

A sua utilização não provoca dano ao concreto, mas poderá induzir a uma maior necessidade de adição de água, o que deve ser ajustado com o uso de aditivos. 

Adições

As adições são materiais pulverulentos extremamente finos, derivados de diversos processos industriais, como a produção do silício metálico, ferro gusa, etc.

As mais comumente utilizadas em concreto são a  microssílica  e o metacaulim. São utilizadas em situações especiais, quando se necessita de elevadas resistências mecânicas ou químicas e baixa permeabilidade, por exemplo.

Normalmente os cimentos já possuem um certo nível de adição, dependendo do seu tipo. Estas adições podem ser  o filler calcário, escória de alto forno ou cinzas volantes.  Aqui estamos nos referindo a adições extras além destas. Normalmente  são acrescentadas em função da massa de cimento, entre 5 e 10%.


Estes são os principais materiais, espero que este breve artigo tenha despertado o seu interesse em se aprofundar no assunto. Faz parte do dia a dia de um fabricante de artefatos de concreto novas informações.

 


Esse artigo é uma contribuição do Professor  Julio C. Filla para o blog da WM Máquinas. Instagram: @julio_filla | Linkedin | Whatsapp: (43) 99966-1966

Sobre o autor

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Ele iniciou sua formação acadêmica em 1984 com Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, seguido por Engenharia Civil em 1987. Com vasta experiência em vendas técnicas na Cimento Cauê por 10 anos, também ministrou cursos e palestras em concreto. Possui pós-graduações em Marketing e Gestão da Qualidade. Na Plaenge Empreendimentos, atuou na área comercial. Hoje, é consultor em concreto e docente na UNIFIL, promovendo integração entre academia e mercado. Concluiu mestrado em Engenharia em 2011.

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