AUMENTANDO A PRODUÇÃO E REDUZINDO OS CUSTOS DA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO – PARTE 3 – APRENDENDO A IDENTIFICAR O DESPERDÍCIO

AUMENTANDO A PRODUÇÃO E REDUZINDO OS CUSTOS DA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO – PARTE 3 – APRENDENDO A IDENTIFICAR O DESPERDÍCIO

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Ganhando tempo… veja um breve resumo do que trata este artigo.

Aprendendo a identificar desperdício (muda)

  • Atualmente são os clientes que determinam o preço daquilo que produzimos. Temos que reduzir custos para ter lucro.
  • Uma fábrica de blocos é um sistema que tem um propósito definido e cada uma das partes uma função específica.
  • O trabalho humano pode ser subdivido em três categorias: trabalho de fato, trabalho, trabalho auxiliar e trabalho que não agrega valor.
  • As perdas em uma fábrica de blocos, como em qualquer outra fábrica pode ser de oito tipos: movimento, espera, transporte, correção, excesso de processamento, excesso de produção, estoque e conhecimento sem ligação;

 Já está bem claro que vivemos em um tempo em que os clientes têm muito poder. São eles que determinam o quanto vale aquilo que produzimos.

Eles colocaram o “teto” para os nossos preços e, portanto, só nos resta a alternativa de reduzir custos para melhorar os nossos lucros.

É exatamente isso que a produção enxuta almeja.

Nesse artigo vamos apresentar os oito tipos de desperdícios que podem ser encontrados em um processo de produção. Não se assuste se você começar a enxergar essas perdas em sua fábrica de blocos e pavers. É esse o objetivo mesmo.

Antes de falar sobre perdas, ou desperdícios, uma palavrinha importante sobre “sistemas”. Esse é um conceito muito importante para entender o funcionamento de qualquer indústria e perceber os desvios que ocorrem nela.

De um modo simplificado, um sistema, pode ser descrito como um conjunto de partes que trabalham juntas para alcançar um objetivo definido.

Cada parte do sistema tem um objetivo específico. Por exemplo: em uma fábrica de blocos a vibro-prensa provê a moldagem adequada das peças. É a sua função primordial.

As partes de um sistema dependem umas das outras. Veja: a vibro-prensa precisa ter o seu reservatório de massa alimentado por uma esteira que por sua vez depende de um misturador para preparar a massa.

Nós podemos compreender cada parte do sistema separadamente mas não conseguimos entender um sistema apenas olhando as partes.

Veja se não é assim: um misturador e uma esteira podem alimentar a caçamba de um caminhão que vai transportar concreto para fazer um piso ou então alimentar o skip de uma extrusora de lajes protendidas. São sistemas diferentes que utilizam partes comuns.

Juntando tudo isso eu quero dizer que todo sistema tem um objetivo, tem diversas interdependências e muitas interações. Uma parte pode estar funcionando muito bem e outra não, com isso o sistema todo fica prejudicado.

Tem uma palavra japonesa que preciso apresentar para vocês. Ela é muito utilizada na produção enxuta: “MUDA”. Muda significa algo desagradável, desperdício, coisas pelas quais o cliente não está disposto a pagar, é o oposto de valor.

Por mais automatizada que uma fábrica de blocos seja, ela sempre terá alguma medida de trabalho humano. E esse trabalho também pode ser fonte de desperdício. O trabalho humano pode ser classificado em três tipos (quadro 1)

QUADRO 1 – Tipos de trabalho humano

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FONTE: Adaptado de DENNIS (2008)

Pois bem. Agora estamos prontos para entender os oito tipos de perdas ou “muda”. Precisamos entender bem isso, pois todas as operações em nossas fábricas geralmente têm algum tipo de perda. O infográfico 1 traz as oito perdas:

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INFOGRÁFICO 1 – Tipos de perdas

Vamos dar uma ideia do que seja cada um deles. E você, ao ler este texto deve pensar na sua fábrica de modo crítico para tentar identificar estas perdas.

  • MOVIMENTO

A perda por movimento tem um componente humano e outro ligado à máquina.

O componente humano está relacionado à ergonomia do posto de trabalho e envolve ter que caminhar, se esforçar para alcançar algo ou torção desnecessária. Isso afeta a produtividade, a qualidade e por vezes a segurança do trabalhador. Muitos acidentes são decorrentes de uma ergonomia pobre do ambiente de trabalho.

O componente mecânico está ligado a um leiaute da fábrica mal planejado. Muitas vezes a empresa começa pequena e vai se espalhando sem cuidado.

  • ESPERA

Este desperdício ocorre quando o trabalhador precisa esperar para que o material lhe seja disponibilizado. Alguns exemplos: quando a paletização é manual, os funcionários dependem que os blocos ou pavers sejam removidos da câmara de cura e levados até eles. Outra situação: a vibro-prensa sofre uma parada por quebra e a linha é interrompida.

  • TRANSPORTE

O desperdício no transporte pode ser causado pelo leiaute ineficiente no local de trabalho. Tal desperdício ocorre, por exemplo, quando grandes lotes precisam ser transportados de um processo para outro.

O transporte é “muda” necessário, mas precisa ser minimizado. Um exemplo é a posição dos estoques de agregados e cimento em relação ao misturador.

  • CORREÇÃO

Este muda está correlacionado com produzir e ter que consertar produtos com defeito. É representado por todo material, tempo e energia envolvidos na produção e no conserto de defeitos.

Numa fábrica de blocos e pavers significa separar na saída da vibro-prensa a peça defeituosa e reintroduzi-la rapidamente no processo, antes que o cimento finalize a sua pega.

Quando se inicia a produção sem avaliar a umidade dos agregados incorre-se frequentemente neste tipo de muda.

  • EXCESSO DE PROCESSAMENTO

Esta é uma forma muito sutil de muda relacionado a produzir mais do que o cliente está demandando. Por exemplo: estabelecer que o paver deve ter uma absorção próxima de 0, quando a norma permite até 6% ou então trabalhar com uma tolerância menor do que 3mm nas dimensões de blocos, etc. Não vai fazer diferença para o cliente, ele não vai perceber. Só vai exigir mais controle da produção, sem necessidade.

  • ESTOQUE

Muda de estoque está relacionado à manutenção de estoques de matéria-prima em volumes desnecessariamente elevados.

Toda empresa precisa ter um histórico do comportamento do seu fornecedor para trabalhar com o mínimo possível de estoque de produtos.

É necessário ter estabilidade de fornecimento e conhecer o padrão de atendimento para estabelecer o estoque mínimo de matéria prima. Estoques elevados consomem espaço e recursos financeiros.

  • EXCESSO DE PRODUÇÃO

O idealizador do STP, Taiichi Ohno, via a produção em excesso como fonte de todo o mal na produção.

A produção em excesso significa produzir coisas que não serão vendidas. Aqui estão alguns dos custos envolvidos quando se produz mais do que o demandado:

• Construção e manutenção de grandes depósitos;

• Mais trabalhadores e máquinas;

• Mais peças e materiais;

• Mais energia, combustível e eletricidade;

• Mais uso de empilhadeiras, reboques e paletes;

• Problemas escondidos e pontos de melhoria invisíveis;

A produção em excesso está na origem de outros tipos de perda:

• Perda por Movimento: trabalhadores estão ocupados produzindo coisas que ninguém pediu.

• Perda por espera: relacionada a grandes lotes.

• Perda por Transporte: produtos finais desnecessários precisam ser levados aos depósitos.

• Perda por Correção: a detecção precoce de defeitos é mais difícil com grandes lotes.

• Perda por Estoque: a produção em excesso cria matéria-prima e peças desnecessários.

Se evitarmos a produção em excesso, daremos passos gigantes em direção às nossas metas.

  • Conhecimento desconectado

Esse tipo de muda (perda) existe quando falta comunicação em urna empresa ou entre empresa e clientes ou fornecedores.

Essa falta de comunicação dentro da empresa pode ser uma constante ou mesmo temporária e pode se dar no nível horizontal (entre colaboradores) ou vertical (entre colaboradores e sua liderança).

Isso é terrível, pois inibe o fluxo de conhecimento, ideias e atrapalha a criatividade, criando frustração e desperdiçando oportunidades.

Esse é um tipo de perda que muitas vezes passa despercebido.

Se a comunicação está boa entre a empresa e os seus clientes, normalmente os clientes dão sugestões para melhorar os produtos e o encantamento é constante.

Quando os fornecedores e a empresa se comunicam corretamente os problemas podem ser resolvidos mais facilmente e menos desperdício acontece.

Bom , espero que você nunca mais olhe para a sua fábrica de blocos com o mesmo olhar, mas isso não é tudo.

Ficar caçando perdas não é suficiente é preciso criar estabilidade na sua produção.

Vamos falar sobre isso no próximo artigo.

Até lá.

Sobre o autor

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Ele iniciou sua formação acadêmica em 1984 com Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, seguido por Engenharia Civil em 1987. Com vasta experiência em vendas técnicas na Cimento Cauê por 10 anos, também ministrou cursos e palestras em concreto. Possui pós-graduações em Marketing e Gestão da Qualidade. Na Plaenge Empreendimentos, atuou na área comercial. Hoje, é consultor em concreto e docente na UNIFIL, promovendo integração entre academia e mercado. Concluiu mestrado em Engenharia em 2011.

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