Ganhando tempo… veja um breve resumo do que trata este artigo.
Sua máquina, sua empresa…
- O colaborador deve ser estimulado a pensar na sua função como se fosse um negócio.
- Todo negócio tem fornecedores e clientes. Cada colaborador precisa saber quem são os seus.
- Essa ideia tem um nome em japonês: “JIDOKA”, que traduzido para o português origina uma palavra ainda mais diferente: “autonomação”.
- Autonomação é o “casamento perfeito” entre o homem e a máquina ou entre o homem e a sua função, por extensão.
Você já se imaginou alguma vez como presidente do conselho de um grande grupo empresarial? Talvez você não tenha tido esta pretensão ainda, mas quem nunca? Quando terminar de expor o conceito que vou explorar neste artigo, talvez você se sinta um pouco assim.
O que vou abordar deve ser dividido com seus colaboradores. Não é algo para ficar restrito a você, mas para ser compartilhado com cada membro da sua equipe. Seja do pátio, da produção ou do escritório.
É possível que em um primeiro momento você venha a pensar que estará dando muita liberdade para os seus colaboradores se aplicar o que vou sugerir.
Mas funciona, e pode provocar uma revolução na sua produção.
O conceito em si é simples, mas a sua aplicação precisa de determinação.
O que pode ser tão revolucionário assim?
Trata-se de provocar uma mudança de atitude, de postura entre seus colaboradores.
Não importa o papel ou a função que o seu colaborador desempenhe. Ele precisa ser estimulado a se posicionar, ou ter a atitude, de alguém que está no controle de uma empresa. Por isso o título, “sua máquina, sua empresa”
Não importa se o que ele faz é levar as gaiolas de blocos da saída da vibro prensa para a câmara de cura ou da câmara de cura para a paletização. O negócio dele se chama transporte, logística.
Ele precisa se sentir como o dono de uma empresa de logística que tem fornecedores e clientes. Não importa se o que ele utiliza é uma empilhadeira ou um transpalete. Mas ele precisa se perguntar: “ e se o piso fosse diferente? ”, “que tipo de piso seria o ideal”, etc.
Mas que ideia “estranha” é essa? Como isso surgiu? É isso mesmo que eu quis dizer?
Essa ideia tem um nome em japonês: “JIDOKA”, que traduzido para o português origina um nome ainda mais diferente: “autonomação”.
O que estou tentando fazer é uma simplificação e adaptação para contexto da indústria de blocos, já que ele surgiu na Toyota, uma fábrica de veículos, e nem sempre é possível transpor diretamente todos os conceitos.
Na Toyota ele funcionava mais ou menos assim:
Toda vez que surgia um problema na montagem de um veículo, para evitar que se espalhasse por toda a linha de produção, o funcionário que encontrou o defeito poderia interromper o processo acionando um “cordão” chamado “Andon”, ou linha de ajuda.
Começava uma corrida frenética para achar a causa. A produção ficava interrompida até que o problema fosse sanado.
Isso acontecia principalmente quando ocorria a mudança de produção de um modelo por outro.
As primeiras horas de produção, ou mesmo os primeiros dias, eram caóticas e de baixo rendimento mas, quando tudo estava corrigido, a produção voltava ao seu ritmo pleno e era mantida.
O que estou propondo é que haja um ajuste perfeito entre o colaborador e a sua função, o que pode envolver um equipamento ou não. Se houver um equipamento envolvido, o colaborador deve estar extremamente atento ao seu funcionamento e ao seu desempenho. Qualquer “barulho” diferente deve ser capaz de despertar a atenção.
Numa fábrica de blocos é fácil pensar desse modo considerando o equipamento que é o coração do processo, a vibro prensa, e o seu operador. Ai fica fácil deduzir quem são os “fornecedores” e quem são os seus “clientes”.
É preciso ter um olhar apurado para cada função.
Outro exemplo: controlar o recebimento de agregados e cimento. Há uma responsabilidade grande ai. O processo envolve a qualidade e a quantidade do material recebido. Envolve o acondicionamento desse material e o controle do seu estoque.
Quem está nesta função precisa se perguntar constantemente: tem um jeito melhor de fazer o que eu faço? Um modo melhor de receber, de medir, de controlar, de solicitar, enfim.
O “negócio” recebimento de insumos envolve inclusive aspectos fiscais, como a análise e recebimento da nota fiscal.
Pense na quantidade de coisas que poderiam “dar errado” no recebimento de material e qual o impacto disso nos processos seguintes.
Por isso eu perguntei logo de início se você já se imaginou no controle de um grupo de empresas. Porque é exatamente assim que deveria ser a sua fábrica. Cada função sendo tratada com um “negócio” próprio e ao mesmo tempo interdependente dos demais.
Essa é uma questão ligada à gestão do negócio. Existem outras abordagens? Sim, com certeza, mas esta é uma ideia simples e que funciona. Ela é capaz de provocar uma mudança de cultura.
Você conseguiria imaginar um quadro de avisos, no refeitório da sua empresa, repleto de gráficos e tabelas falando da evolução do desempenho de cada função? Como se fosse uma espécie de balancete mensal feito por um contador? Qual seria o impacto?
Pense nisso.
Até o próximo artigo.