O NEGÓCIO BLOCOS DE CONCRETO E AS PERSPECTIVAS PARA 2022 – PARTE 2 – O FUTURO BATE À PONTA

O NEGÓCIO BLOCOS DE CONCRETO E AS PERSPECTIVAS PARA 2022 – PARTE 2 – O FUTURO BATE À PONTA

O NEGÓCIO BLOCOS DE CONCRETO E AS PERSPECTIVAS PARA 2022

Ganhando tempo… veja um breve resumo do que trata este artigo.

O futuro bate à porta:

  • A relação das pessoas, em geral, com seus imóveis vai continuar mudando. As habitações estão ficando maiores.
  • A relação com o trabalho mudou: surge o trabalho híbrido. Um pouco em casa e um pouco na empresa.
  • A ideia do “coliving” começa a ganhar espaço entre os da terceira idade e as empresas começam a trocar as suas sedes por “coworkings” .
  • O déficit habitacional continua alto (entre 5 a 7 milhões de moradias);
  • Os novos proprietários estão dispostos a assumir novos gastos com reformas. Isso pode chegar a 30% entre as classes mais altas.
  • Ameaças para a construção civil: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), a tributação de lucros e dividendos e a própria industrialização.

Não sei se você tem a mesma impressão que eu mas, sempre que nos avizinhamos da virada do ano, um grande número de pessoas parece imaginar que estamos nos aproximando de um portal e que, ao soar da meia noite, entraremos em uma nova realidade.

Muito pelo contrário, o que ocorre é apenas o fim de um ano fiscal e contábil, mas os eventos que estavam acontecendo continuarão a se desenrolar e num contínuo incessante.

E é bom que seja assim, pois é isso que nos dá um pouco de previsibilidade e nos ajuda a planejar o futuro. A partir do passado e do presente podemos refinar a nossa perspectiva.

Muitas tendências irão se consolidar e outras desaparecer. Quais tendências irão se consolidar e quais irão desaparecer é que são elas. Mas podemos ter um vislumbre do que será.

Sem querer bancar o profeta, mas com base na opinião de excelentes economistas, que estão constantemente sondando a economia e seus principais agentes, podemos enxergar um pouco a frente.

Aliás, se você tiver um tempinho, assista o Webinar “Conjuntura Econômica da Construção Civil e Perspectivas para 2022” com o professor Robson Gonçalves, disponível no canal da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no YouTube (https://youtu.be/ELHcWyhemXk). Algumas das ideias que apresento aqui estão muito bem desenvolvidas lá.

Se tem algo sobre o futuro próximo, que podemos ter uma maior confiança em afirmar, é que a relação das pessoas, em geral, com seus imóveis vai continuar mudando.

Se antes da pandemia o tamanho dos imóveis tendia a encolher, fazendo com que os apartamentos do tipo “studio” fossem a bola da vez, por serem compactos e muito práticos com os ambientes integrados (menos o banheiro), agora a tendência parece estar se revertendo.

Os apartamentos e residências unifamiliares de maiores dimensões estão retomando a sua importância.

A dinâmica familiar mudou, não somente por causa da pandemia, mas já vinha acontecendo, e a relação com o trabalho também.

Hoje os filhos demoram mais para deixar a casa de seus pai. Há casos em que permanecem ali até os 40 anos.

Há casais que se dão muito bem, desde que durmam separados. Algumas vezes em outras casas mesmo.

A tendência de envelhecimento da população brasileira está fazendo surgir um fenômeno muito interessante entre os da chamada “terceira idade”: é o coliving.

O coliving é um tipo de moradia compartilhada por pessoas que buscam estar em comunidade com economia e sustentabilidade. Na minha época de estudante chamávamos isso de “república”, e elas ainda estão por ai.

O mesmo fenômeno acontece no mundo das profissões. A pandemia trouxe um modo híbrido de trabalho. Existe uma alternância entre o trabalho remoto (em casa) e o trabalho no escritório. Muitas empresas não possuem sede própria, ou é muito reduzida, e alugam espaços para acomodar seus colaboradores. Isso se chama “coworking”. Com um pouco de tecnologia é possível integrar remotamente um grande número de pessoas.

Muitas das empresas que existem hoje, as famosas “startups” são feitas para serem vendidas. Por que construir uma sede para uma empresa que será vendida daqui a algum tempo¿

Você deve estar pensando: até agora só estamos falando de tendências para as classes mais altas, mas e a parcela da população com renda menor ? O que está acontecendo com ela ?

Embora todos sofram com o crescimento dos juros básicos e da inflação, a classe mais baixa sofre o impacto mais diretamente. E você deve se lembrar que quando os juros básicos sobem o nível de atividade na construção civil tende a diminuir.

Veja esta informação e pense no que acabei de dizer.

Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mede a inflação relacionada a itens que atendem às classes mais altas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) pondera a inflação das classes de menor renda, atingida mais diretamente pela elevação do preço do gás, da energia, do aluguel e dos alimentos, por exemplo.

E o INPC já ultrapassa o IPCA.

Outra informação: o déficit habitacional brasileiro, considerando as famílias de baixa renda, está na ordem de 7 milhões de unidades, e lutamos há décadas para diminuir isso.

Uma pesquisa encomendada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) feita pela FGV, sobre os gastos pós aquisição de um imóvel, mostra que as classes de renda mais alta, após a aquisição de um imóvel novo ou não, continua a investir em melhorias por pelo menos três anos e podem gastar até cerca de 30% do valor de compra do imóvel.

O mesmo efeito se percebe entre as camadas de menor renda, porém, o investimento chega apenas a 10% do valor de aquisição do imóvel.

Diante desse cenário, o que esperar da construção civil em 2022 ?

As sondagens feitas com empresários da construção civil aponta um crescimento da expectativa positiva com o setor.

Então, 2022 deve manter um bom nível de atividade e com muitas oportunidades de negócio.

A valorização dos imóveis ainda está batendo as aplicações financeiras e continua se mostrando um investimento sólido.

Há algumas nuvens escuras no horizonte, que podem representar ameaças ao setor, como é o caso da chamada Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), a tributação de lucros e dividendos e a própria industrialização da construção civil.

Não dá para tratar de tudo isso aqui, mas fica uma dica para você se aprofundar.

Creio que é isso.

Nos próximos artigos vamos entrar um pouco mais no campo dos artefatos de concreto e ver as perspectivas futuras.

Até mais.

Sobre o autor

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Ele iniciou sua formação acadêmica em 1984 com Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, seguido por Engenharia Civil em 1987. Com vasta experiência em vendas técnicas na Cimento Cauê por 10 anos, também ministrou cursos e palestras em concreto. Possui pós-graduações em Marketing e Gestão da Qualidade. Na Plaenge Empreendimentos, atuou na área comercial. Hoje, é consultor em concreto e docente na UNIFIL, promovendo integração entre academia e mercado. Concluiu mestrado em Engenharia em 2011.

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